Semana da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla

Na semana da pessoa com deficiência intelectual e múltipla, mais que visibilidade, um chamado à transformação
Entre os dias 21 e 28 de agosto, é celebrada no Brasil a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. Muito além de uma data simbólica, essa semana é uma oportunidade valiosa para promover escuta, reflexão e ação. Ela nos convida a ampliar o olhar para as vivências de quem, historicamente, foi silenciado ou excluído.
Na Fundação Álvaro César, aproveitamos esse momento para reforçar o nosso compromisso com uma inclusão real, construída na prática cotidiana, baseada no respeito às singularidades e no reconhecimento da pessoa com deficiência como sujeito de direitos, desejos e histórias próprias.
Compreendendo o que é deficiência intelectual e múltipla
A deficiência intelectual é caracterizada por limitações significativas no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo. Essas limitações afetam habilidades como o raciocínio, a linguagem, a resolução de problemas, a comunicação e a capacidade de lidar com as demandas do dia a dia. Essas manifestações ocorrem antes dos 18 anos e exigem um olhar atento às formas diversas de aprender e se relacionar com o mundo.
Já a deficiência múltipla é a presença de duas ou mais deficiências em uma mesma pessoa — por exemplo, uma deficiência intelectual associada a uma deficiência visual, auditiva ou motora. Esse tipo de condição requer uma abordagem ainda mais integrada, pois as barreiras enfrentadas se tornam mais complexas e interligadas.
Ainda que a deficiência esteja presente, ela não define quem a pessoa é. O que precisa ser valorizado são suas capacidades, sua forma de ser e seu direito de viver com dignidade e participação social. A inclusão só se torna verdadeira quando compreendemos e respeitamos as formas singulares de existir.
Por que Semana da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla importa tanto?
A Semana da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla tem um papel estratégico para a sociedade. Ela não é apenas uma celebração. É um chamado à consciência, à responsabilidade coletiva e à revisão de atitudes. Também é um período dedicado a tornar visível aquilo que muitas vezes é ignorado: os direitos, as potencialidades e as barreiras que ainda existem na vida de pessoas com deficiência.
É nesse contexto que se fortalece o entendimento de que essa população tem direito ao acesso à educação, à saúde, à cultura, ao lazer, ao trabalho e à vida em comunidade, em condições de igualdade. Mas para isso acontecer, não basta garantir o acesso físico. É preciso escutar essas pessoas, respeitar seus modos de expressão e garantir sua participação nos espaços de decisão.
A semana também nos lembra que o capacitismo, conjunto de preconceitos e estigmas que desvalorizam pessoas com deficiência, ainda está presente em gestos cotidianos, discursos institucionalizados e estruturas sociais inteiras. Combatê-lo exige compromisso ativo e contínuo.
Os desafios ainda presentes na realidade brasileira
Apesar de todos os avanços conquistados em leis e diretrizes, ainda vivemos em um país onde pessoas com deficiência enfrentam barreiras diariamente. Escolas muitas vezes não estão preparadas para oferecer um ensino adaptado às diferentes formas de aprender. Profissionais de saúde, em muitos casos, não recebem formação adequada para escutar e cuidar com respeito e sensibilidade. Os espaços públicos ainda são, em boa parte, inacessíveis.
As famílias, por sua vez, seguem enfrentando sobrecarga emocional, falta de apoio e ausência de políticas que contemplem suas necessidades reais. Essas barreiras não são apenas físicas: elas impactam diretamente o desenvolvimento, a autonomia e a autoestima de quem vive com deficiência.
Essa semana, portanto, também é um espaço de denúncia e reivindicação. Ela nos lembra de que ainda há muito a ser feito para que os direitos garantidos no papel sejam de fato experimentados na vida.
A experiência da Fundação Álvaro César no cuidado e na inclusão
Na Fundação Álvaro César, o trabalho com pessoas com deficiência intelectual e múltipla é construído a partir do acolhimento, da escuta e do reconhecimento de cada sujeito como único. Não acreditamos em respostas padronizadas, mas em trajetórias construídas com respeito ao tempo, ao corpo e à história de vida de cada pessoa que chega até nós.
Promovemos ações que envolvem o cuidado integral: atenção pedagógica especializada, apoio psicológico, orientação para famílias e estímulo constante à autonomia. Nosso compromisso é com a criação de ambientes em que as pessoas se sintam respeitadas em sua forma de ser, de se comunicar e de se relacionar com o mundo.
Entendemos que incluir é mais do que permitir a entrada. É garantir permanência, participação e valorização. E isso só se faz com afeto, escuta e transformação contínua das práticas sociais.
E depois do dia 28 de agosto?
O encerramento da semana nacional não pode significar o fim das ações de sensibilização. Pelo contrário: é a partir daqui que renovamos o compromisso de agir com mais firmeza e profundidade.
É essencial que escolas, profissionais da saúde, gestores públicos e toda a sociedade se envolvam ativamente na construção de uma cultura de respeito e equidade. Inclusão não é caridade. É justiça social. E para que ela aconteça, é preciso garantir acesso com qualidade, formação contínua, políticas públicas eficazes e apoio às famílias.
É também fundamental que se escute diretamente as pessoas com deficiência, independentemente de sua forma de se comunicar. A escuta deve ser um princípio e não uma exceção. E o pertencimento, uma realidade, não uma promessa.
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