Burnout parental em mães de filhos com deficiência: quando o cuidado adoece

Com jornadas exaustivas e pouco apoio, muitas mães vivem o esgotamento físico e emocional em silêncio. É hora de olhar para quem cuida.

A chegada de um filho com deficiência transforma a vida de uma família — e, de forma ainda mais profunda, a vida das mães.

Estudos recentes mostram uma realidade alarmante: 9 em cada 10 mães apresentam sinais de burnout parental, um tipo específico de esgotamento mental que afeta os pais, alinhado ao estresse contínuo e à sobrecarga de responsabilidades.

O burnout parental envolve sintomas como:

  1. Sensação de esgotamento extremo;
  2. Perda de prazer ou vínculo com a maternidade;
  3. Distanciamento emocional da criança;
  4. Sentimento de culpa, fracasso ou impotência.

Esse esgotamento não é individual. É estrutural.

As mães de filhos com deficiência, majoritariamente mulheres, enfrentam jornadas duplas ou triplas: cuidam, ensinam, batalham por direitos, buscam terapias, enfrentam o capacitismo e ainda têm que se encaixar em um sistema que pouco ou nada oferece de suporte real.

Segundo o artigo da Revista Ciência & Saúde Coletiva, essas mães percorrem estágios emocionais complexos: negação, raiva, barganha, depressão e, por fim, aceitação. Mas o que falta muitas vezes é rede de apoio, acesso à informação e escuta empática por parte dos serviços públicos, inclusive da escola.

🧩 E onde entra a escola nesse processo?

A escola, especialmente a escola inclusiva, precisa reconhecer o papel da família como parte ativa do processo educativo. Isso significa:

  1. Criar canais de escuta real e constante;
  2. Envolver a família nas decisões pedagógicas;
  3. Compartilhar responsabilidades;
  4. Respeitar os limites e a saúde mental dessas mães;
  5. Oferecer formação para professores sobre como acolher e colaborar com a realidade de cada família.

Sabemos que mães esgotadas têm menos energia para lutar — e que acolhê-las é uma forma concreta de promover o direito à educação das crianças com deficiência.

💬 Escutar a mãe é escutar a criança. Cuidar da mãe é cuidar do futuro.

Se você trabalha em uma escola, é gestor ou professor, repense: como sua instituição acolhe essas mães? Há espaço para o diálogo, para o cuidado compartilhado?

Se você é mãe e está esgotada: você não está sozinha. E você merece apoio.

Inclusão de verdade só existe quando a família também é cuidada.

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