Burnout parental em mães de filhos com deficiência: quando o cuidado adoece

Com jornadas exaustivas e pouco apoio, muitas mães vivem o esgotamento físico e emocional em silêncio. É hora de olhar para quem cuida.
A chegada de um filho com deficiência transforma a vida de uma família — e, de forma ainda mais profunda, a vida das mães.
Estudos recentes mostram uma realidade alarmante: 9 em cada 10 mães apresentam sinais de burnout parental, um tipo específico de esgotamento mental que afeta os pais, alinhado ao estresse contínuo e à sobrecarga de responsabilidades.
O burnout parental envolve sintomas como:
- Sensação de esgotamento extremo;
- Perda de prazer ou vínculo com a maternidade;
- Distanciamento emocional da criança;
- Sentimento de culpa, fracasso ou impotência.
Esse esgotamento não é individual. É estrutural.
As mães de filhos com deficiência, majoritariamente mulheres, enfrentam jornadas duplas ou triplas: cuidam, ensinam, batalham por direitos, buscam terapias, enfrentam o capacitismo e ainda têm que se encaixar em um sistema que pouco ou nada oferece de suporte real.
Segundo o artigo da Revista Ciência & Saúde Coletiva, essas mães percorrem estágios emocionais complexos: negação, raiva, barganha, depressão e, por fim, aceitação. Mas o que falta muitas vezes é rede de apoio, acesso à informação e escuta empática por parte dos serviços públicos, inclusive da escola.
🧩 E onde entra a escola nesse processo?
A escola, especialmente a escola inclusiva, precisa reconhecer o papel da família como parte ativa do processo educativo. Isso significa:
- Criar canais de escuta real e constante;
- Envolver a família nas decisões pedagógicas;
- Compartilhar responsabilidades;
- Respeitar os limites e a saúde mental dessas mães;
- Oferecer formação para professores sobre como acolher e colaborar com a realidade de cada família.
Sabemos que mães esgotadas têm menos energia para lutar — e que acolhê-las é uma forma concreta de promover o direito à educação das crianças com deficiência.
💬 Escutar a mãe é escutar a criança. Cuidar da mãe é cuidar do futuro.
Se você trabalha em uma escola, é gestor ou professor, repense: como sua instituição acolhe essas mães? Há espaço para o diálogo, para o cuidado compartilhado?
Se você é mãe e está esgotada: você não está sozinha. E você merece apoio.
Inclusão de verdade só existe quando a família também é cuidada.
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